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17 de setembro de 2021
A Profa. Dra. Lucimara Pires Martins, docente do Núcleo de Astrofísica Teórica da UNICID, teve projeto aprovado pelo Instituto Científico do Telescópio Espacial (STScI) da NASA, o Hubble. Seus conhecimentos em bibliotecas estelares serão aplicados na atualização de um código utilizado pelo telescópio para identificar e mapear estrelas.
“O projeto foi aprovado para ser desenvolvido por três anos. Ainda não foi discutido se haverá colaboração direta ao longo desse tempo (é muito provável que sim), mas tudo depende do mundo em que vivemos hoje e da evolução da pandemia nos próximos anos”, disse a professora, sobre a possibilidade de o trabalho ser desenvolvido daqui mesmo ou se ela teria que ir para a sede do instituto em Baltimore, nos EUA.
Segundo a profa. Luciana, o Hubble é um dos telescópios mais disputados por astrônomos no mundo todo e dos mais difíceis de se conseguir aprovação: “É grande a concorrência; apenas astrônomos de excelência conseguem ter seus projetos aprovados. Isso mostra a maturidade do tipo de ciência desenvolvida pelo grupo de astrofísica da universidade”, comemora.
O Telescópio Espacial Hubble, desde que foi lançado pela NASA, em 24 de abril de 1990, vem brindando a humanidade com informações e imagens espetaculares do Universo.
Ele registrou a sequência de impactos do cometa Shoemaker-Levy 9 na superfície de Júpiter (1994), os Pilares da Criação, na Nebulosa da Águia (1995), e o Campo Ultra Profundo, com milhares de galáxias (2003-2004), entre muitas outras imagens lindíssimas.
Starburst99
Para chegar a esses resultados que podem ser apreciados pelo público, muitos milhões de dados têm de ser processados em diferentes etapas – é nesse ponto que entra a Profa. Lucimara.
Ela já trabalha em colaboração com Claus Leitherer, diretor-executivo do STScI, no projeto ULLYSES, coordenando estudos sobre uma biblioteca de estrelas que vêm sendo observadas com o telescópio Hubble. “O projeto que está sendo submetido agora é uma evolução natural dessa colaboração, em que utilizaremos essas estrelas no código Starburst99, desenvolvido pelo Dr. Leitherer”, explica.
O código de que ela fala, Starburst99, cria modelos com base em estrelas mais próximas observadas na nossa galáxia. “Mas este código está atualmente desatualizado; já existem observações de muito maior qualidade disponíveis hoje em dia”, ressalva.
Galáxias
Para que se possa entender o que essa atualização significa, ela esclarece: “Galáxias são formadas de estrelas de todos os tamanhos, cores, temperaturas e idades. Um conjunto de estrelas de uma galáxia que são formadas de uma mesma nuvem em um determinado instante é chamado de população estelar. As populações estelares de uma galáxia nos contam sua história: quando ela formou estrelas, como elas evoluíram, como suas abundâncias químicas se modificaram.
Para galáxias distantes, nem mesmo o maior e mais moderno telescópio consegue olhar estrelinhas individualmente. O que observamos é a soma da luz de todas elas misturadas. Só é possível identificar quais estrelas compõem essa luz misturada (a qual chamamos de luz integrada) através de modelos”. Que é justamente o que faz o código que será atualizado.
Mais sobre o projeto
A docente ainda disse que o objetivo é atualizar o código Starburst99 com as mais novas gerações de modelos de evolução estelar e criar modelos de população de estrelas mais avançados e de melhor qualidade, incluindo as estrelas quentes e massivas observadas recentemente com o Hubble através do projeto ULLYSES.
O detalhe é que, no projeto, o código Starburst99 vai ser convertido do atual sistema operacional Unix Solaris para ficar compatível com distribuições de Linux. “Será colocado em uma interface mais amigável para o usuário”, destaca a profa. Lucimara, acrescentando que o acesso e a utilização dos dados ficarão mais democratizados.
Com os dados observacionais obtidos via Hubble/projeto ULLYSES e essa atualização, “o Starburst99 será uma das principais ferramentas para a análise dos dados de galáxias que serão obtidos com os mais modernos telescópios”, comemora a pesquisadora.
Segundo a professora, o projeto submetido ao telescópio foi do tipo arquivo, enviado ao Ciclo 29 de pedidos ao Hubble Space Telescope. Esse tipo de pedido não é para necessariamente observar novos objetos com o telescópio, mas para utilizar dados do arquivo em um projeto de inovação, no caso, o upgrade do código.
Graças a esse código e aos modelos gerados por ele, é possível observar melhor as populações estelares de galáxias, compreender como as galáxias formam estrelas e evoluem. “Nos ajuda a entender como o universo evolui como um todo”, conclui a profa. Lucimara.
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Saiba mais sobre o tema:
– Instituto Científico do Telescópio Espacial (STScI)
– Telescópio Espacial Hubble
– Projeto ULLYSES (WG6 – Stellar Libraries)